SAMURAIS ou RONINS? O dilema do mercado moderno
- Marcus M. C. Gómez
- 29 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Com certeza você já ouviu falar dos Samurais. Eles eram guerreiros valorosos e corajosos que serviam fielmente aos seus senhores. Os samurais reinaram como elite das forças armadas no Japão medieval, dos séculos XV ao século XIX, até a restauração do império com a dinastia MEIJI.
E os Ronins? Já ouviu falar sobre eles?
Os Ronis eram samurais que haviam perdido seus senhores. Os que não tinham coragem para cometer o sepukku (suicídio com uma adaga), viviam a mercê da sociedade, buscando senhores a servir por um preço. Podiam mudar de senhor se assim lhes conviessem.
“Ok professor, tudo bem, você dirá. Muito interessante essa história, mas o que isso tem a ver com o mercado de trabalho hoje?”
Tem tudo a ver, te direi. Gestores, RHs, gerentes, líderes de equipes e etc. tem que lidar com essa questão todos os dias.
Todos os dias o mercado é inundado de novos profissionais, cada vez mais qualificados e mais ávidos de se fazerem presentes de forma significativa.
Onde entra a história dos Samurais e dos Ronins no mercado de trabalho?

Bem, é de costume, logo ao entrar um novo funcionário, ele ser recebido pelo chefe ou encarregado. Esse, por muitas vezes é “prata da casa”, com muitos anos de serviço leal dedicados a empresa. Podemos dizer que é um verdadeiro Samurai.
Ao receber o ingressante, não é incomum ouvirmos discursos motivacionais como: “meu jovem, já estou nessa empresa ha 25 anos. Se você for dedicado, poderá alcançar esse tempo também.”
É curioso notar como a revolução tecnológica, principalmente a digital tem afetado profundamente o comportamento humano. O sociólogo polonês Zigman Baumam (1925-2017) nos trás o conceito de “modernidade liquida”. Baumam diz que, até a primeira metade do século XX as coisas eram sólidas. Você entrava em um emprego novo e se aposentava aos 60 anos na mesma empresa. Você casava com a namorada ou namorado que conheceu no colégio, e não raras vezes logram celebrar bodas de ouro. Após a segunda metade do século XX porém, o mundo se liquefez. As coisas são líquidas, os relacionamentos são líquidos, as relações são liquidas. Inclusive no mercado de trabalho. Pior do que serem líquidas, as relações são rasas. Você tem 5 mil amigos no Facebook, 20 mil seguidores no Instagram, mas não tem uma companhia agradável para ir ao cinema domingo a tarde.
Com vistas a toda essa situação, os profissionais que lidam com equipes, precisam estar constantemente se atualizando. Ficar parado é um preço alto demais e o mercado irá cobrar.
O discurso de “estou há 25 anos aqui” não motiva o jovem debutante no mercado de trabalho. Muito pelo contrário. Para a geração nascida digital, estar em uma empresa por muitos anos é sinal de estagnação.
Aprendemos que devemos tratar todos de forma igual, principalmente os que estão sob nossa liderança. Essa ideia também é ultrapassada e obsoleta. O que fará real diferença para um gestor é saber tratar cada um como esse precisa ser tratado. Reparem que eu não disse como cada um QUER SER TRATADO. Eu disse: “como cada um PRECISA ser tratado”. Saber identificar os tipos de personalidade e “modus operandi” de cada um te proporcionará as ferramentas para explorar o melhor de cada membro da equipe.
Mantenha sob cuidados seus samurais, porém, proporcione ambiente propício para que os ronins possam dar o máximo de desempenho enquanto estiverem na equipe. Evite o nós contra eles, comumente instalado quando se mistura duas gerações diferentes. O gestor precisará ter um cuidado delicado para fazer as equipes de complementarem e não disputarem entre si. Ferramentas de psicodinâmica como tipologia, pirâmide de Maslow e algumas outras, podem ser a chave para integrar as equipes com sucesso.
Lembre-se de dar um propósito para cada um. Quando temos um propósito, projetamos o arquétipo pretendido no fim de cada empreitada segundo Jung, psicanalista discípulo de Freud.
Sendo assim, vale lembrar das palavras do filósofo alemão do século XIX Frederich Nietzsche: “Quando temos um porque, podemos suportar quase qualquer como”.
Marcus M. C. Gómez
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