Religião e política não se discute. Será mesmo?
- Marcus M. C. Gómez
- 21 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Política e religião não se discute. Com absoluta certeza já ouviu essa declaração. Acontece que é exatamente o contrário, em ambos os casos, a discussão é fundamental para uma decisão consciente e embasada. Tomemos hoje somente a política.
Qual legenda você apoia? Você é de direita? Você é de esquerda, anarquista, liberal? Acha mesmo que a república é o melhor tipo de governo? Mas, qual tipo de republica? A federativa? A oligárquica? A presidencial? Enfim, como saber qual escolher?
Para podermos decidir qual forma de governo pretendemos ou apoiaremos, precisamos de duas coisas. Primeiro, precisamos estudar. Estudar é fundamental para não servir de massa de manobra na mão de interesseiros que só agem por interesse próprio. Com a devida informação, você poderá formular seus argumentos, sem precisar ficar repetindo igual papagaio o que você ouve. Segundo, é essencial debater. Sim, debater, somente debatendo, trocando ideias e ouvindo pontos de vista divergentes poderemos chegar a uma conclusão fidedigna do que queremos.

Posso ter problemas por discutir política? Infelizmente pode sim. Principalmente no quadro político e social que se encontra o Brasil hoje, a polarização das ideias fica evidente. Ou seja, as pessoas não sabem lidar com o contraditório. Elas se posicionam apenas nos polos extremos, quem concorda comigo quero por perto, quem não concorda, quero bem longe. Temos visto familiares brigando e parando de se falar por terem opiniões políticas divergentes. O conflito é desejável. A divergência te força a pensar melhor e a rever seus próprios conceitos, seja para alterá-los, seja para confirma-los.
Émile Durkheim, sociólogo, antropólogo e cientista político, do século XVIII nos trás um conceito fundamental ao pensarmos a política. Ele diz: "a sociedade é lógica e cronologicamente anterior ao indivíduo". O que isso quer dizer? Quer dizer que, muito antes de você ou eu estarmos aqui, já tinha gente pensando, estudando e debatendo sobre os mesmos assuntos.
Os gregos inventaram a democracia a mais de 2.500 anos atrás. Especialmente em Athenas, todo homem considerado cidadão (escravos, estrangeiros, mulheres, crianças e idosos não eram considerados cidadãos), tinha direito a voto na Ágora. Aos que eram cidadãos e mesmo assim não queriam se envolver na política, os gregos chamavam de idiotes, palavra que acabou gerando nossa palavra para idiota.
Temos duas escolhas à nossa frente. Podemos nos envolver nos assuntos políticos, debater e tentar chegar em um consenso do melhor para todos ou podemos simplesmente nos abster e ser só mais um “idiotes”. E ai? Qual você escolhe?
Marcus M. C. Gómez
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