Animal político ou idiota?

Que época memorável vivemos, talvez não economicamente, mas pelo menos politicamente.

Talvez você pergunte: “Como assim? A política no Brasil está um caos, como pode ser memorável?”

Aristóteles, filosofo grego que viveu por volta de 350 a. C. dizia que o homem é um “Zoon Politicon”, ou seja, um animal politico. Para Aristóteles, o homem é por natureza sociálvel e se organiza em sociedades.

A democracia como conhecemos nasceu em Atenas na Grécia em meados do século V a.C.. Contudo ela tinha algumas diferenças quanto ao modelo vigente hoje. Vejamos alguns:

• Somente eram considerados cidadãos os homens nascidos em Atenas maiores de 18 anos;

• Mulheres, crianças, escravos e imigrantes não eram considerados cidadãos e não tinham nenhuma relevância política;

• A democracia ateniense não era representativa como a nossa, qualquer cidadão podia se apresentar na Ágora (praça pública onde os atenienses se reuniam para tomar decisões) e votar;

• Qualquer cidadão poderia falar e o voto de todos era igual, sem distinção;

• Participava quem queria, o voto não era obrigatório.

Ao cidadão que não participava da vida política da cidade e não se interessava em ajudar nas decisões chamavam de “Idiotés”, nome que originou exatamente a palavra idiota, e aos ativos chamavam de “Polítes”.

Bom, agora que sabemos a etimologia das palavras idiota e político, cabe perguntar: Você é um animal político ou um idiota?

Vemos hoje no Brasil em especial um fenômeno nunca antes ocorrido, a população como um todo está interessada em política. A máxima de “religião, futebol e política não se discute” já não é a regra. Pessoas discutem política o tempo todo, desde a alta classe até o faxineiro do boteco. Fico feliz observando esse fenômeno de politização acontecendo. O Mestre em Ciencias Sociais e doutorando em Ciências Políticas Carlos Eduardo Tauil diz: “Não podemos nos resignar. Nós, que estudamos ciências humanas, temos uma missão que pode ser histórica em nossas mãos. Estamos assistindo a história acontecer diante de nossos olhos.”

É claro que falarmos que o povo discute política não quer dizer que o povo entende de política ou sabe do que está falando. Tanto a classe média como as classes C e D continuam a ser massa de manobra dos reais interessados. Quer ver?

• As classes C e D são manipuladas com pseudos projetos sociais e pequenos benefícios imediatos sem qualquer sustentação futura;

• A classe média é manipulada quando deixam-na pensar que ela molda o futuro do país.

A grosso modo essas são as maneiras que e manipulam a massa em suas posições políticas.

Afinal de contas, se a população é manipulada, a política está um caos, porque estamos em um momento memorável de nossa história?

Simples, nunca antes em 500 anos de história o povo discutiu política tão abertamente. Nunca antes tivemos empresários bilionários na cadeia. Nunca antes foram presos políticos de alto escalão e tantos outros indiciados. Ainda e mais importante de tudo, o povo está interessado em política, discute política e infelizmente briga por política.

Sofremos com a globalização, somos obrigados a dar saltos históricos para nos encaixarmos nos padrões mundiais. Todo salto histórico é traumático e toda reviravolta política é um período conturbado para a nação. Temos exemplos da revolução francesa em 1789 e a revolução russa em 1917, onde toda a classe política perdeu a cabeça, em ambos os casos. Esperamos que no Brasil não seja necessário tamanha barbárie para que se faça uma reforma política.

O que de verdade poderá mudar o rumo do nosso país não é nenhum mistério. Já foi feito em outros países com resultado visível. O segredo é EDUCAÇÃO, um povo educado sabe votar, sabe cobrar seus direitos e acima de tudo, sabe cumprir com seus deveres de cidadão antes de mais nada. Não podemos esperar boas decisões se formos analfabetos políticos. Se assim for seremos sempre massa de manobra dos poderosos em detrimento ao bem estar do país.

Estude, se informe, ouça o que os que entendem mais tem a dizer. Não importa se ele é de direita ou de esquerda. Aprenda a ter senso crítico, não saia repetindo o que ouviu sem antes fazer uma análise pessoal. Não brigue por política, discuta. A discussão respeitosa obriga as duas partes a pensar melhor. Se assim fizermos, somente assim, poderemos esperar real mudança na gestão de nossa nação.

Enfim, está em suas mãos, ou você é um Zoon Politicon ou um idiotés?

Marcus M. C. Gómez